domingo, 18 de maio de 2008

que vida!!!

A maior desvantagem de trabalhar num serviço com cerca de 20 mulheres e 2 homens é as conversas que se têm nos intrevalos. Regra geral anda sempre em volta dos filhos e maridos e sogras e todas essas vidas. Ora como eu sou solteira, sem filhos e um role de relações falhadas, não me sinto muito à vontade para ter este tipo de conversas, e regra geral fico no meu canto calada. O que ontem provou ser um grande erro porque apenas consegui ser o centro das atenções. "Então quando pensas em engravidar?"; "Quando pensas em casar?"; "Vê-lá que já tens quase 28 anos, não estás a ficar mais nova com o tempo!".
E o que é que se pode dizer? Quando a nossa vida enquanto mulher é reduzida a isso, o que é que se pode responder ás pessoas? Só se for um sorriso educado. Ou então aborrecer as pessoas com a historia cruel, mas sempre embelezada, das nossas vidas, em que contamos a "desgraça" que é viver á espera que o nosso parceiro/companheiro se decida... coisa que suscita o maior interesse entra á comunidade feminina de um serviço hospitalar, mas que no fundo no fundo, pouco interessa.
Sei que uma família pode trazer muitas alegrias, e pode mesmo preencher a vida de alguém... mas porquê atormentar as pessoas que ainda não tiveram a real oportunidade de constituir família? (quando digo pessoas falo apenas da pressão que é exercida nas mulheres por mulheres).
E o que realmente consegue chatear, para além das perguntas que são pessoais, é os exemplos terriveis que surgem sempre; de todas aquelas mulheres que esperam até tarde nas suas vidas para engravidarem e provou-se ser tarde demais... Ora vamos lá ver que coisa tão tola para se contar... o que é que é suposto isto me dizer? Como é que saber destes tristes exemplos me podem ajudar no futuro? Acham que só por saber que a vida foi tão cruel para algumas mulheres eu tenho que ir a correr para casa e "trabalhar" numa criança?
Mulheres felizes e com família formada deste mundo... deixem as pobres solteiras e sem filhos um bocadinho em paz...

1 comentário:

Silvia disse...

Amiga, como eu te compreendo! Sabes que neste mundo existem estas mentes brilhantes femininas que reduzem a feminilidade ao casamento e à procriação. Pensam que todas têm esse mesmo fim (?!!), mesmo as que não querem ou que não conseguem por obra do destino. O que fazer? Talvez ignorar ou berrar aos seus ouvidos, que o mundo não se resume a isso. Será que iria adiantar? Talvez não, mas pelo menos podemos tentar. Abraço de camaradagem